2015, desapega! 2016,
ressignifica!
Maria foi dormir pensando em desapegar. Em arrumar seu
armário e deixar numa sacola tudo que poderia ser doado ou – o que não servia
mexxxmo – jogado fora. Ela não era de juntar lixo, mas cantinhos sempre
amontoam um pouco de sujeira, né? E se você não toma uma providência de tempos
em tempos, já se sabe.
Minunciosamente ela pensou em como reorganizaria tudo que
tinha. Ok, não era muita coisa assim. Primeiro pensou em tipo, depois em cores,
depois em tamanhos – saia curta, saia longa, calça e short. Montou uma cena na
cabeça e não gostou do que viu. Passou imediatamente às gavetas. Os cabides
depois ela resolveria. Quantas gavetas eram e o que deixaria em cada uma.
Beleza, resolvido.
Agora, para de pensar, Maria. Vai dormir que amanhã tem
mais.
Boa noite.
Bom dia!
Maria não acordou lá muito disposta, mas encarou o desafio
do ano: tirar tuuudoooo do guarda-roupa e desapegar. Começou devagar, em passos
leves e cabeça fria. Afinal, não seria tão difícil.
Até que se deparou com aquela blusa comprada para um jantar
especial. A noite que usara nem tinha sido tão boa assim, mas ela gostava e
muito daquele tom de azul. Pegou no pano macio e sentou na cama. Ensaiou um
choro.
Pensou que era bom desapegar para dar espaço para algo novo
entrar. Mas ela não queria. Não queria se desfazer. E pronto. Maria tem esse
direito. Maria escolheu continuar com a blusa azul petróleo. Resolveu que dali
ela não saía, dali ninguém a tirava.
Não ligou para nenhuma amiga pedindo conselhos. Simplesmente
o fez.
E com vontade própria. Afinal, Maria pôde decidir!
Passou para os sapatos. E essa foi a fase mais rápida e
fácil da arrumação. Nunca foi tão eficiente e decidida a Maria, meu Deus! Até
ela se assustou com o feito.
Ficara feliz por ter conseguido se livrar daquela bagunça e
estava pronta para entrar no próximo ciclo de arrumação. Que viria outro dia,
convenhamos.
Quando terminou tudo, pegou sua blusa azul e colocou para
lavar. Havia muito que não usava e estava na hora de ostentar seu brilho por aí!
Alguns poucos minutos depois, Raquel liga para a amiga.
Queria sair com Maria.
Maria, cansada, resmungou: “Ai, tô morta”.
Raquel não se fez de rogada e correu para o portão clamando
pelo bom papo que as duas tinham.
Ok, Maria cedeu. E lá foram elas.
Raquel de vestido rendado branco – brindando o ano novo que
se aproximava.
E Maria de saia envelope e a blusa tão malfadada – combinando
elegantemente com os fogos de artifício.
Os sorrisos esperançosos se emaranhavam com os sons
estrondosos dos primeiros minutos de 2016. Os suores limpavam o rosto e o champanhe
limpava a alma. Dando lugar ao que seria um dos melhores anos de suas vidas.
Digo um dos, porque nunca podemos saber o que de tão bom nos
espera. E sim, sempre pode ser incrível!