Quando eu digo "não" querendo dizer "sim"
Quando me pego pensando em você me
pergunto se entendeu de fato o que eu disse. É justamente nessa hora que te
acho burro, limitado, ignorante. Como um homem não percebe que o meu ‘não’ é um
‘vem, me aquece’? Como você, que me conhece como ninguém, não consegue
distinguir pelos meus olhos o tempo certo entre o ‘não’ e o pensamento latente
do ‘me pega’?
Se fosse ‘não’ não te esperaria
com o frio na barriga, não te colocaria a mesa do jantar, muito menos comeria
com você. Se fosse como acha não me depilaria, não me vestiria para você, não
te fazia gozar. Estaria com a cara virada, indiferente às suas reações, criando
desculpas e pedindo conscientemente ‘goza logo’.
Dormiria trancada em mim mesma e
sentiria com aflição o peso das suas pernas nas minhas. Reclamaria da sua mania
de falar dormindo, reclamaria do banho rápido, reclamaria da conta não paga,
reclamaria dos seus horários estranhos de trabalho, reclamaria, reclamaria e
reclamaria.
Até o dia em que ‘tudo bem’. Tudo
bem se você chegar tarde... ou cedo demais, tudo bem se não for dormir na mesma
hora que eu, tudo bem se sair e não perguntar se quero ir.
Não!
Eu tô bem com você aqui.
Não, não vai!
Não, fica!
Não, me agarra!
Não, me beija!
Não, faz assim!
Não é mais.
Não mais.
Não mais planos separados. Não
mais rostos e direções tangentes mas distintas, não mais cinema sozinha. Não
mais cama fria. Não mais mãos largadas.
Sim, vem!
Sim, tô aqui!
Sim, sou sua!
Sim, me ama!
Que eu sou toda ‘sim’, pro que
der e vier, para a vida toda, haja o que houver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário