segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Quando eu digo "não" querendo dizer "sim"




Quando eu digo "não" querendo dizer "sim"

Quando me pego pensando em você me pergunto se entendeu de fato o que eu disse. É justamente nessa hora que te acho burro, limitado, ignorante. Como um homem não percebe que o meu ‘não’ é um ‘vem, me aquece’? Como você, que me conhece como ninguém, não consegue distinguir pelos meus olhos o tempo certo entre o ‘não’ e o pensamento latente do ‘me pega’?
Se fosse ‘não’ não te esperaria com o frio na barriga, não te colocaria a mesa do jantar, muito menos comeria com você. Se fosse como acha não me depilaria, não me vestiria para você, não te fazia gozar. Estaria com a cara virada, indiferente às suas reações, criando desculpas e pedindo conscientemente ‘goza logo’.
Dormiria trancada em mim mesma e sentiria com aflição o peso das suas pernas nas minhas. Reclamaria da sua mania de falar dormindo, reclamaria do banho rápido, reclamaria da conta não paga, reclamaria dos seus horários estranhos de trabalho, reclamaria, reclamaria e reclamaria.
Até o dia em que ‘tudo bem’. Tudo bem se você chegar tarde... ou cedo demais, tudo bem se não for dormir na mesma hora que eu, tudo bem se sair e não perguntar se quero ir.
Não!
Eu tô bem com você aqui.
Não, não vai!
Não, fica!
Não, me agarra!
Não, me beija!
Não, faz assim!
Não é mais.
Não mais.
Não mais planos separados. Não mais rostos e direções tangentes mas distintas, não mais cinema sozinha. Não mais cama fria. Não mais mãos largadas.
Sim, vem!
Sim, tô aqui!
Sim, sou sua!
Sim, me ama!

Que eu sou toda ‘sim’, pro que der e vier, para a vida toda, haja o que houver.



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