A tal da falta
Você faz falta. Faz falta rosas na sala. Faz falta sua
respiração. Faz falta seu chegar no portão. Faz falta o barulho da cama ao
deitar. Faz falta leite quente pela manhã. Faz falta programar a próxima
viagem. Faz falta minha mão nas suas coxas nuas. Faz falta meu corpo no seu.
Faz falta beijo no nariz. Faz falta de mandar tomar banho. Faz falta brincar no
chuveiro.
Faz falta minha fala interrompendo a sua. Faz falta meu suor. Faz
falta seu cheiro. Faz falta reclamar da
sua mãe. Faz falta cosquinha no pescoço. Faz falta música alta aos domingos.
Faz falta escolher o cardápio. Faz falta fazer bolo. Faz falta seu quadril.
Faz falta seu sorriso. Faz falta seu cansaço, seu ressoar
dormindo, meu acordar atrasado, nosso desespero e anseio pelo fim de mais um
dia, você abrir a porta, se jogar cansado e eu reclamar de mais um dia puxado.
Faz falta o futuro. Falta o passado, recorro à angustia do
presente e foco na incerteza.
Falta faz o seu espaço, a sua hora, a sua intimidade, o seu
“me deixa quieto”. Faz também o seu silêncio, o seu olhar que ora implora
trégua ora implora mais um round.
Faz falta seus desejos, o nosso desejo, o meu que se torna o
seu num piscar de olhos. E lá estamos, num rompante, sendo um só mais uma vez.
Afinal, falta mais o quê? – eu grito.
Volta – sussurro baixinho.
Texto gostoso de ler. Suave, delicado... e fala de todos nós! Quem nunca sentiu falta de alguém?
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