segunda-feira, 25 de julho de 2016

Se atire e flutue


Abra suas asas
Eu quero voar
Tiro o pé do chão?
Me ensina?

Solte suas feras
E me mostra a taurina
Que habita em você
Chama a lasciva

Caia na guandaia
E liberte a leoa
E escancara!
Grite pela liberdade

Entre nessa festa
Já me joguei
Agora só falta cair
E reaprender a voar.



quarta-feira, 20 de julho de 2016

‘Um Dia Perfeito’ é aquele com Benicio del Toro à frente

 
Nem tudo o que parece é verdade. Aviso logo: alerta spoiler!

Mas, uma coisa é certa, assista! Porque a fotografia é bárbara; nada sai do lugar. Nenhuma luz nem ângulo foram escolhidos à toa. Tudo faz sentido e uma das coisas mais belas do filme é quando não há diálogo, nas cenas em que o grupo humanitário percorre caminhos ermos durante a guerra. Acompanha uma trilha sonora primorosa que eleva o rock à batida angustiante e cadenciada e, sim, é impossível, mesmo nos momentos tensos, não perceber sua batida.

O longa, exibido na Quinzena dos Realizadores em Cannes 2015, é dirigido por Fernando León de Aranoa e estreia na quinta-feira, dia 21 de julho.

Vamos aos fatos:

1 – O título é uma bela de uma ironia. Pense em situações que dão raiva justamente porque só dão errado. Pois é, é a guerra. E durante uma hora e meia você é lembrado disso constantemente.

2- O personagem de Tim Robbins, o veterano B, é um brincalhão. A vida dele é salvar pessoas e dar a elas um pouco de dignidade em épocas de conflitos. Lindo. Até que você percebe que atrás dessa solidariedade se encontra um cara completamente sozinho que esconde uma tristeza sem fim.

3 – Ele implica tanto com a novata Sophie, interpretada por Mélanie Thierry, que a todo momento eu imaginava Mambrú, o empoderado Benicio del Toro, vindo salvá-la. E, claro, formarem um belo casal. Balela. Ele se engraça com outra.

4 – Ou tenta. Não, melhor. Foge. Porque se a coisa fosse boa mesmo ele teria se rendido – novamente – aos encantos de Katya, vivida por Olga Kurylenko. Os dois tiveram um caso no passado e a tensão sexual fica no ar quase em todas as cenas que os dois estão juntos.

5 – Mas não rola nada. Pois é, esse não é um american movie. É muito melhor, queridos!! É um espanhol digno da safra de 2015.

6 – Nikola (Eldar Residovic) é um menino mimado que quer porque quer uma bola. Mas, poxa, o momento é de guerra, nos Balcãs de 1995 ainda por cima... tenhamos pena. Não só nós, Benicio del Toro também teve.

7 – Tanto que a tônica e todas as metáforas do filme tem como base a história do garoto. Brincadeiras à parte, é delicado e bonito sem ser piegas.

8 – Lá pelas tantas se consegue uma bola para a criança. Já falei que tem minas em todos os lugares e esse é um perigo iminente? Pois é. É daí para pior. Afinal, é a guerra. E a bola pula e a bola quica e a pula foge e a bola volta. Até que... não, nenhuma mina é detonada.

9 – Enquanto tudo isso acontece – tudo porque tem mais, muito mais, não contei nem a metade - o enredo principal se desenrola: o grupo está em busca de uma corda para tirar o defunto que foi jogado num poço e contaminou a água usada pelos moradores do vilarejo. Pois é, é a guerra.

10 – And the last, but not the least: lembra que falei da trilha sonora? Então, lá vai uma palinha. Procure no You Tube por Lou Reed e The Velvet Underground - There Is No Time e Venus in Furs, The Ramones - Pinhead, Gogol Bordello - East Infection  e Marilyn Manson - Sweet Dreams (Are Made of This), além de Where Have All the Flowers Gone na voz de Marlene Dietrich, que deixei aqui prontinho para você dar play.




***Todas as fotos são de divulgação da Esfera Filmes.




segunda-feira, 18 de julho de 2016

A mania da areia em ficar em mim


A menina já era bem grandinha para estar num carrinho sendo empurrada pela mãe. Ela até já comia o milho verde com as duas mãos e de boca fechada, assim como  manda a etiqueta. E esperava os pais acabarem de brigar enquanto comia. Alheia à cena, olhava o mendigo a menos de três passos e baixava o olhar. A cada mordida uma possibilidade de culpa. A cada mordida uma angústia. Era dela, afinal, e não dele. Eram mãe e pai dela, era o momento dela, o milho dela, o carrinho dela. E dele e para ele o que restava?

Num relance entrei no supermercado. Logo à frente desejei que a menininha mudasse o mundo. Ela já via e sentia tanta coisa mesmo sendo tão pequena.

Na fila do pão, a tristeza me consumiu. Tinha dado espaço para ela se materializar, mas as lágrimas teimam, elas têm as horas delas. A moça atrás de mim resmungava o tempo todo. Pensei que ela, sim, tinha a tristeza morando nela. Quando me virei, vi que não era tão moça assim. E me deu pena. Simplesmente porque o tempo não perdoa. E o dela estava escasso para mudar.

São cinco, por favor.

Obrigada, um bom dia!

O pão da tarde era só mais tarde. Então, decidi aplacar a fome com um suco. Parei num lugar novo – acabara de abrir. Ali funcionava a última locadora de Ipanema. Não tinha verão que o programa pós-praia  não passasse pela Super Vídeo. Sábado era sempre certo: pelo menos três filmes a tiracolo para assistir nos próximos dias.

Peguei o cardápio colorido e fui avisada que deveria ir ao caixa para fazer o pedido. Confesso que já me deu preguiça.

Um grande de abacaxi com coco, por favor.

Sem açúcar.

Recebi um quadrado que vibrava quando o pedido ficasse pronto. Mais preguiça ainda.

Tem a senha do wifi? Qual é, por favor?

Abriu hoje?

Ah... vai até uma da manhã... nossa! O povo da larica vai fazer fila aqui.

Ops, tremeu.

Lá vou eu.

Peguei. Bebi. E lá vai tudo pro lixo.

Para que tanta gente trabalhando se o atendimento é auto?

Se adapta ao american way of life, Juliana!


Cara, na boa, carioquices à parte, o que eu curto mesmo é o Arpoador!



quarta-feira, 13 de julho de 2016

Um recorte em poesia de Caio Fernando Abreu


Tudo é Caio e Caio é quase tudo
Dualidade
Num universo espiritual e mágico
Alquimia constante de corpo e espírito
Why to be normal?

Queimo incenso e espalho sal grosso por todos os cantos
Mergulho em coisas sem nem saber o porquê

Amar não tem remédio
Meus gestos são mansos e compassados

Sou guru, sou mestre
Trilhei o caminho esotérico para que não enlouquecesse

Deus é isso: peças que se juntam inexplicavelmente
E eu, magnetizo tudo no inconsciente
Até porque isso também é Deus

E a escrita, intuitiva
Não peço solução nenhuma, afinal
Quero a literatura como raio de sol!
Custa muita loucura, eu sei
Mas escrever é simultâneo ao pensar

Eu só sinto na medida em que amo
E uno pelo amor

Tenho mais de Cazuza e Rita Lee que de Guimarães Rosa
Nada que é humano me apavora
A ficção? É a biografia  do emocional

Esperança é uma palavra  tão bonita
Eu acredito no happy end
Feliz é uma palavra ambígua
Eu gosto de estar  vivo e isso é sinônimo de ser feliz



*inspirado na peça ‘Como Era Bonito Lá’, em cartaz no Sesc Copacabana em monólogo encenado por Nara Keiserman e direção de Demetrio Nicolau



domingo, 10 de julho de 2016

É pra comer ou pra beber?

Pode ser os dois?

Ok, pode!


A modinha das cervejas especiais formou uma dupla e tanto com os hambúrgueres. Muitos preparados com blends diferenciados e que fogem do já conhecido filé mignon. Mas, melhor que acompanhar com a gelada, é preparar com a amarguinha. O gosto ganha um sabor diferenciado, sim. Por isso, resolvi fazer um roteiro de onde comer bem e combinar a cerva na medida certa. E detalhe: não é só sanduíche, não... você vai se surpreender!

O sanduíche de costela desfiada e cozida no chope lager da casa é servido com molho pesto de agrião e montado no pão de batata. A invenção é da chef Aline Tavares.

Onde encontro? No Caverna!
Mas... onde é? Rua Assis Bueno, 26 – Botafogo.
Custa quanto? R$ 30
Que foto linda! É de quem? Tomas Rangel


O Chapa Quente é uma porção farta de linguiça pura de pernil. É grelhada na chapa e vem acompanhada de anéis de cebolas imersos num mix de farinha de trigo, ovos temperos e cerveja - uma pilsen que reforça o sabor do ingrediente principal. Para completar, tem mostarda escura à parte.

Onde encontro? No Enchendo Linguiça!
Mas... onde é? Avenida Engenheiro Richard, 2 - Grajaú.
Custa quanto? R$ 59
Que foto linda! É de quem? Daniella Duarte


Aqui o negócio é profissional. Veja só: meatballs de angus em redução de Rauchbier. Sim, o que já é bom pode ficar ainda melhor. As bolinhas de carde são bem picantes – cuidado!

Onde encontro? No Pub Escondido!
Mas... onde é? Rua Aires Saldanha 98- Copacabana
Custa quanto? R$ 37,50
Que foto linda! É de quem? Armando Paiva

A tradicional receita belga ganha reforços. O carbonade flamande são cubos de carne cozidos lentamente em chope. Vem numa panelinha com vários tipos de queijos gratinados. E ainda tem pão de malte caseiro.

Onde encontro? No Botto Bar!
Mas... onde é? R. Barão de Iguatemi, 205 - Praca da Bandeira
Custa quanto? R$ 35

Brulee Embriagado! Meu Deus, com esse nome o que nos aguarda? Um crème brûlèe de doce de leite e cerveja bock. Prova e me diz, tá?

Onde encontro? No Calavera Kitchen & Bar!
Mas... onde é? Rua Capitão Salomão 14 loja C – Botafogo
Custa quanto? R$ 14
Que foto linda! É de quem? Virna Santolia

Os sticks de queijo coalho empanados com cerveja pilsen e farinha panko são de deixar qualquer um com água na boa. Para tudo e se joga! A entrada acompanha creme de goiabada e mel com pimenta.

Onde encontro? No Sobe!
Mas... onde é? Rua Pacheco Leão, n° 724 D - Jardim Botânico
Custa quanto? R$ 24,60 com seis unidade
Que foto linda! É de quem? Derek Mangabeira

Welsh rarebit é o nome do prato que você vê acima. São seis torradas temperadas com cebola ralada fina, cerveja e queijo derretido. É só ir no Café Carandaí, nos fundo da delicatessen charmosa de mesmo nome, e dar seu aval.

Onde encontro? Na Casa Carandaí!
Mas... onde é? Rua Lopes Quintas, 165 – Jardim Botânico
Custa quanto? R$ 24
Que foto linda! É de quem? Rodrigo Azevedo

O fish and chips é um filé de bacalhau empanado com a cerveja Brooklyn Lager! Se ela sozinha já é um capítulo à parte, imagina assim com peixe... hum...

Onde encontro? Na P.J. Clarke´s
Mas... onde é? Tem na Barra da Tijuca (Av. das Américas, 4666, Barrashopping -  Loja 246 AB – expansão) e no Leblon (Av. General San Martin, 1227)
Custa quanto? R$ 47

O fim fica por conta da sobremesa. Eu vou me despedir com o biermissú. Lembra do tiramissú, certo? Então, esse doce é uma versão do clássico com cerveja Colorado Demoiselle e flocos de chocolate meio amargo Callebaut. Agora, é só ajoelhar e rezar!

Onde encontro? Na Birreria Escondido CA!
Mas... onde é? Rua Voluntários da Pátria,  53 – Botafogo
Custa quanto? R$ 16,00
Que foto linda! É de quem? Rodrigo Azevedo



quarta-feira, 6 de julho de 2016

Dia do beijo e agradecimento a tão querida internet!


Hoje é o Dia do Beijo! Sim, a beijoca é comemorada aqui e no resto do mundo. Claro que a internet faz a minha - a sua e a deles também - vida mais feliz, selecionei algumas das piadas que estão sendo compartilhadas no Twitter.  

Como uma imagem vale mais que mil palavras, vamos a elas:











terça-feira, 5 de julho de 2016

Abre e fecha; fecha e abre


Abre e fecha; fecha e abre

Pizzaria Carioca da Gema fechando, Enchendo Linguiça com suas portas da Lapa abaixadas. Crise antes das Olimpíadas para alguns. E para outros chance de expansão. Vide o Galeto Sat's e o Botto Bar que vão abrir filiais em Botafogo. E o Colarinho, boteco das cervejas especiais do bairro, que adentra o imóvel coladinho nele.



segunda-feira, 4 de julho de 2016

Maria renasceu!

Poderia ter sido Berenice, mas foi Maria. A gravação do DVD do Arruda, que aconteceu nesse domingo, 3, elevou Maria Menezes. A cantora de 33 anos e já 19 de estrada começou o show ao lado da Tia Zezé. Uma bela homenagem à senhora que viu o grupo nascer e é uma das responsáveis pelo sucesso do pagode até então na Mangueira. Maria rendeu honraria logo no início e durante o show não se esqueceu dela, no cantinho de destaque do cenário.

 
Não poderia ter sido diferente, tudo tinha o clima do Arruda. Da favela a Zona Sul, visto nas pipas espalhadas pelo palco e na área vip do Clube Renascença ao figurino estiloso. O amarelo do vestido de Maria refletia as luzes do seu black; muito mais comercial inclusive. O tom foi perfeito do início ao fim. Quem viu a morena comandar rodas de samba ao lado de marmanjos e bambas já imaginava que esse dia chegaria. E chegou. Tem mais brilho, mais gesto, mais carão, mais presença.

A Berenice em questão, lembra dela? ‘É uma nega maneira lá de Mangueira, produto do morro, mulata tipo exportação’ e foi embalada pelos versos de Nego Josy e Armandinho do Cavaco. É daquelas músicas que gruda na cabeça e não solta mais. Mas pra que soltar, né? Se é boa, que fique.

Quando a personificação da mulata da Mangueira subiu no palco, só dava ela. Aprovada até pelas mulheres, que faziam coro no fim da primeira rodada: ‘uh, é Berenice’! Bonito de se ver.

Calma, que teve mais: Dudu Nobre, Toninho Geraes e André da Mata. Todos em duetos com Maria. Mas eu fico mesmo com a culpa usual: Menezes e Nego. Tem gente que se olha e já sabe o que o outro está pensando. Eles não. Eles não fazem esse estilo. Se comunicam por telepatia e já engatam o tom certo.



Ao Arruda, que a inspiração não cesse e que a união seja contagiante. Vida longa ao samba!

**fotos de Jordan Alves