Debaixo dos caracóis
Seus cabelos! Ah, esses cabelos. Tem cabelo por toda a casa.
Como é que pode?
Luuuuuuuiiiiiiiiizzzzzzzzzz!
- Quê que você faz pra cair tanto cabelo desse corpitcho?
- Eu?...
- É... não tá vendo? Tem pêlo por toda a casa. Quero ver se
um dia eu levar um tombo por causa disso, dessa sujeira acumulada.
- Mas... tombo? Não, não pode...
- E não é pentelho, não. É cabelo mesmo. Como é que pode ,
Jesus?
- Eu preciso...
- Precisa!!! Ah,
precisa. Se precisa, né, Luiz? Tomar uma providência.
- Tava pensando que...
- Por que você não vai ao médico? Ele vai dar um jeito nisso
rapidinho. Aliás, por que ainda não foi? Afinal, esses cabelos não começaram a
cair agora, né? Eles sempre caíram? Por que só a gora que eu tô percebendo
isso? Tá sujando a casa toda! Luuuiiizzzzz
- Oi, tô aqui.
- Pega lá a pá.
Ele faz que sim com a cabeça e vai até a área como um menino
obediente.
- Você almoçou direito hoje?
- Sim, comi a quentinha que você preparou pra mim.
- Ah, é. Tava gostosa?
- ô!
- Tem mais. Você quer mais?
- Tem? Se tiver eu quero!
- Tem chuchu, deixa essa pá aí. Deixa tudo aí de qualquer
jeito.
- Mas, mulher...
Os segundos param.
Ela balbucia lu-iz.
Antecede num suspiro, quase que um soluço incontrolável, e o
chama. Luuuizzzzzzzz!
Eu já devia prever que a vida de recém-casado é assim, em cada
surpresa uma transa.
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