segunda-feira, 7 de março de 2016

Fim (?) de festa

 

Fim (?) de festa

- Oi.. oi?

Ele virou a cabeça pro lado.

- Você tá há muito tempo aqui?

- Ah.. um pouquinho....

- E tá indo pra onde?

- Tijuca.

- Mas passa ônibus aqui pra Tijuca?

- Já tô começando a achar que não.

- ;-) ;-) Vai pra Lapa e de lá pega um pra Tijuca. É mais garantido. ;-) ;-)

- É... ;/ ;/ é, uma boa ideia. ;-)

- Olha... não é ele?

- É! Vamos pegar esse?!

- Não acredito!! Passou direto!

Filho da puta, xinguei baixinho.

- Relaxa, o pior já passou.

- ?

- É... a chuva de mais cedo.

- Ah, sim sem dúvida. Ah chuva... mas eu tava resguardada do alagamento.

-?

- Bar, amigos... perfeito pra esperar o temporal parar.

- Agora sim! Esse serve pra gente, né?

Serve, claro que serve pra gen-te, pensei.

Ele me cedeu o lugar. Passei primeiro e logo sentei. No corredor, porque assim não corríamos o risco de sentarmos juntos. Mentira! Ah... mentira deslavada! ;-)) A verdade é que 
todos os bancos estavam muito molhados.

Mas, já dizia minha vó, quem quer mostra que quer. Não é mesmo?

Então, ele se sentou bem do meu lado. De um jeito que o vão do corredor ficava entre a gente, mas não deixava que os olhares e o papo continuassem. 

- Chegamos! Vamos descer aqui, apontei.

- Então... não corre.

- ;-)

- Vamos tomar um chopp.

- ;-)

- Vem!

Me puxou pela mão decidido. E o melhor, não me senti comandada. Na real, odeio me sentir assim: como se tivesse que ir onde mandam. Mas obedeci, delicada e fielmente.

- Acho que todos os lugares estão fechados. ;( Melhor ir pra casa.

- Você quer?

- ?

- Ir pra casa?

- Tá bom,  vamos procurar um lugar pra saideira. Mas só uma! Só uma cerveja, ok?

- ;-)

Achamos! Mentira também. Ele achou. Ficamos em pé bebendo uma Antartica no litrão. Bem num clima fim de festa. Longe do encontro perfeito que geralmente é quase que banhado em Veuve Clicquot.  

Papo vai, papo vem.

- ;)

- :)

28 anos, solteiro, contador, viajante, trilheiro, roots, curte reggae e jazz, adora crianças, mas não quer uma nem tão cedo, está juntando dinheiro pra ir pra Itacaré.

- Está começando a chover.

- É...

- E fora que está na minha hora... aliás já até passou.

- Tá bem, te deixo lá.

- :/

Fomos andando ainda conversando sobre viagens e filhos. São esses os assuntos que, nos meus 30 anos, mais me interessam.

- Eu moro aqui.

Ensaiei pegar a chave para abrir o portão. Mas veio a mão tímida puxando o meu corpo para mais próximo dele. Não titubeei.

Depois do longo e já aguardado beijo, fiquei tímida. E, quase que olhando pra baixo, disse:

- Vou subir.

- Tá bem. Me deixa seu número, pode?

Eu pensei em dar o telefone errado, assim como fazia com os carinhas da noitada no auge dos meus 15 anos. ;/ ;) ;))

- Desculpa, mas esqueci o seu nome...

 - ?

- ;/

- Tiago...

- Tiago do quê?

- Tiago Rodrigues.

- Ah, beleza. É só pra diferenciar aqui no whatsapp.... tem vários Tiagos.





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