Fim (?) de festa
- Oi.. oi?
Ele virou a cabeça pro lado.
- Você tá há muito tempo aqui?
- Ah.. um pouquinho....
- E tá indo pra onde?
- Tijuca.
- Mas passa ônibus aqui pra Tijuca?
- Já tô começando a achar que não.
- ;-) ;-) Vai pra Lapa e de lá pega um pra Tijuca. É mais
garantido. ;-) ;-)
- É... ;/ ;/ é, uma boa ideia. ;-)
- Olha... não é ele?
- É! Vamos pegar esse?!
- Não acredito!! Passou direto!
Filho da puta, xinguei baixinho.
- Relaxa, o pior já passou.
- ?
- É... a chuva de mais cedo.
- Ah, sim sem dúvida. Ah chuva... mas eu tava resguardada do
alagamento.
-?
- Bar, amigos... perfeito pra esperar o temporal parar.
- Agora sim! Esse serve pra gente, né?
Serve, claro que serve pra gen-te, pensei.
Ele me cedeu o lugar. Passei primeiro e logo sentei. No
corredor, porque assim não corríamos o risco de sentarmos juntos. Mentira! Ah...
mentira deslavada! ;-)) A verdade é que
todos os bancos estavam muito molhados.
Mas, já dizia minha vó, quem quer mostra que quer. Não é
mesmo?
Então, ele se sentou bem do meu lado. De um jeito que o vão
do corredor ficava entre a gente, mas não deixava que os olhares e o papo
continuassem.
- Chegamos! Vamos descer aqui, apontei.
- Então... não corre.
- ;-)
- Vamos tomar um chopp.
- ;-)
- Vem!
Me puxou pela mão decidido. E o melhor, não me senti
comandada. Na real, odeio me sentir assim: como se tivesse que ir onde mandam.
Mas obedeci, delicada e fielmente.
- Acho que todos os lugares estão fechados. ;( Melhor ir pra
casa.
- Você quer?
- ?
- Ir pra casa?
- Tá bom, vamos
procurar um lugar pra saideira. Mas só uma! Só uma cerveja, ok?
- ;-)
Achamos! Mentira também. Ele achou. Ficamos em pé bebendo
uma Antartica no litrão. Bem num clima fim de festa. Longe do encontro perfeito
que geralmente é quase que banhado em Veuve Clicquot.
Papo vai, papo vem.
- ;)
- :)
28 anos, solteiro, contador, viajante, trilheiro, roots,
curte reggae e jazz, adora crianças, mas não quer uma nem tão cedo, está
juntando dinheiro pra ir pra Itacaré.
- Está começando a chover.
- É...
- E fora que está na minha hora... aliás já até passou.
- Tá bem, te deixo lá.
- :/
Fomos andando ainda conversando sobre viagens e filhos. São
esses os assuntos que, nos meus 30 anos, mais me interessam.
- Eu moro aqui.
Ensaiei pegar a chave para abrir o portão. Mas veio a mão
tímida puxando o meu corpo para mais próximo dele. Não titubeei.
Depois do longo e já aguardado beijo, fiquei tímida. E,
quase que olhando pra baixo, disse:
- Vou subir.
- Tá bem. Me deixa seu número, pode?
Eu pensei em dar o telefone errado, assim como fazia com os
carinhas da noitada no auge dos meus 15 anos. ;/ ;) ;))
- Desculpa, mas esqueci o seu nome...
- ?
- ;/
- Tiago...
- Tiago do quê?
- Tiago Rodrigues.
- Ah, beleza. É só pra diferenciar aqui no whatsapp.... tem
vários Tiagos.
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