A história de duas
mulheres que perderam seus maridos
45 anos. Dois filhos.
Administradora de empresas. E um desabafo: ainda sinto culpa.
35 anos. Sem filhos. Do lar. E um
conselho: viva tudo que há pra viver porque você nunca sabe quando pode
terminar.
As duas perderam seus maridos de
forma inesperada; a primeira num acidente de carro, a segunda num infarto
fulminante. Sofreram. E muito. Sofreram de uma forma que ninguém pode imaginar,
julgar nem questionar. A tristeza é profunda, iminente e sem precedentes. As
duas me confidenciaram – exatamente com essas palavras – “a vida continua”.
E, de fato as histórias tomaram
os seus rumos. Naturalmente, dizem. Não tá fácil assim, eu amenizo.
Tanto uma quanto outra já estão
em relacionamentos duradouros, se permitiram amar de novo, guardaram seus casos
de uma vida inteira numa caixa colorida e foram decorar a casa. Afinal, o pesar
não precisa ficar exposto num porta-retrato.
Elas se permitiram. Puderam
chorar o suficiente. Engolir o soluço quando necessário. Mas escolheram deixar a
janela aberta, o tentar de novo, o deixe o sol entrar à cortina semiaberta, ao
deixa que assim tá bom, ao um dia passa, ao observar a chuva fina estando
trancada no quarto.
Uma coisa é certa: o eterno
afeto. As duas argumentaram a favor do tempo, e às vezes contra ele, dizendo
que passava rápido demais. Mas confessaram seu lugar especial na vida, nas
lembranças e até no dia a dia de alguém que se foi e só deixou alegrias.
Se você tivesse que escolher,
preferiria um amor perdido no auge da relação ou um fim conturbado com todas as
brigas e angústias esperados? No contraponto dessas mulheres, eu digo: optaria
pelo segundo. Esgotaria todas as possibilidades daquele relacionamento. E se
não desse certo, não foi por falta de tentativa nem disposição. Foi porque a
vida pegou de surpresa, mostrou a infinita possibilidade que ela tem de se
reinventar e seguiu em frente. Até porque, querendo ou não, ela sempre segue.
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