quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Confissões da manhã


Confissões da manhã


Foi só eu passar naquele corredor que a barba me chamou a atenção. Mas, discreta que sou, passei direto e ensaiei um ‘bom dia’. E, claro, recebi a resposta, educadamente.


Continuei meu caminho, mas aquela voz grossa já ressoava no meu cangote. Sim, sou rápida. Já comecei a imaginar aquela voz rouca e grave nos pés do meu ouvido, me encantando. Me chamando pra dançar? Não! Me chamando pra embarcar nas loucuras dele.

Eu, sem dizer uma palavra, pedia só pelo olhar para que ele parasse aquela tortura e fosse direto ao ponto. Eu não aguentava mais. Era uma tensão se segurar tanto quando estava louca pra satisfazê-lo. Parece que já sentia o teu cheiro e teu corpo por inteiro me incomodando entre as pernas.

Ok, passou. Respirei fundo e lá fui eu para meu destino. Passaram-se apenas quinze minutos para que a sensação voltasse. Explico: ele não tem nome, ele não tem profissão, não sei se é casado, quais são seus sonhos e ambições, é moreno, tem uma barba robusta, magro e com uma bunda que dá vontade de apertar e morder.

Ele parece esse tipo de homem que te deixa nua só com o olhar. Quando chega perto, te toca tão de leve que quase faz cócegas. Mas, na verdade, ele só quer que você o implore. E depois de tanto pedir, vem com força pra dentro de você. Aí sim. A força, a  masculinidade, o gemido e o cheiro de homem vêm à tona.

Ele não gosta de música clássica, mas conhece todos os compositores mais importantes. Ele gosta de funk e até ensaia passos engraçados para um homem. Ele não come lagosta, mas sabe bem o gosto que tem. Aliás, ele prefere o camarão frito à beira mar. Viaja pra Região dos Lagos no feriadão e adora crianças. Prefere banho frio ao quente, ainda mais quando o corpo ainda está pegando fogo.

Eu até já imagino o dia seguinte. Recuperada do fôlego que ele me tirou na noite anterior, eu abro os olhos e lá está o macho: nu, me olhando de lado, e com o membro já em riste. Só com o corpo eu digo que quero mais. Ele vem andando com aquela calma habitual. Mas eu sei que a agitação é iminente.

E eu? Atravesso o corredor com o brilho no olho e o sorriso de canto de boca que só os amantes entendem e me deparo com um ‘bom dia, tudo bem?’.


2 comentários:

  1. Texto bem quente em? Gostei muito do teu jeito de escrever!

    Beijos
    http://lacerejinha.blogspot.com/

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    1. Que bom, fico feliz!! ;-) Semana que vem tem mais crônicas, acompanhe!

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