Nem tudo o que
parece é verdade. Aviso logo: alerta spoiler!
Mas, uma coisa é
certa, assista! Porque a fotografia é bárbara; nada sai do lugar. Nenhuma luz
nem ângulo foram escolhidos à toa. Tudo faz sentido e uma das coisas mais belas
do filme é quando não há diálogo, nas cenas em que o grupo humanitário percorre caminhos
ermos durante a guerra. Acompanha uma trilha sonora primorosa que eleva o rock à batida
angustiante e cadenciada e, sim, é impossível, mesmo nos momentos tensos, não perceber sua batida.
O longa, exibido
na Quinzena dos Realizadores em Cannes 2015, é dirigido por Fernando León de
Aranoa e estreia na quinta-feira, dia 21 de julho.
Vamos aos fatos:
1 – O título é
uma bela de uma ironia. Pense em situações que dão raiva justamente porque só
dão errado. Pois é, é a guerra. E durante uma hora e meia você é lembrado disso
constantemente.
2- O personagem
de Tim Robbins, o veterano B, é um brincalhão. A vida dele é salvar pessoas e
dar a elas um pouco de dignidade em épocas de conflitos. Lindo. Até que você
percebe que atrás dessa solidariedade se encontra um cara completamente sozinho
que esconde uma tristeza sem fim.
3 – Ele implica
tanto com a novata Sophie, interpretada por Mélanie Thierry, que a todo momento
eu imaginava Mambrú, o empoderado Benicio del Toro, vindo salvá-la. E, claro,
formarem um belo casal. Balela. Ele se engraça com outra.
4 – Ou tenta. Não,
melhor. Foge. Porque se a coisa fosse boa mesmo ele teria se rendido –
novamente – aos encantos de Katya, vivida por Olga Kurylenko. Os dois tiveram
um caso no passado e a tensão sexual fica no ar quase em todas as cenas que os
dois estão juntos.
5 – Mas não rola
nada. Pois é, esse não é um american movie. É muito melhor, queridos!! É um
espanhol digno da safra de 2015.
6 – Nikola (Eldar
Residovic) é um menino mimado
que quer porque quer uma bola. Mas, poxa, o momento é de guerra, nos Balcãs de
1995 ainda por cima... tenhamos pena. Não só nós, Benicio del Toro também teve.
7 – Tanto que a
tônica e todas as metáforas do filme tem como base a história do garoto.
Brincadeiras à parte, é delicado e bonito sem ser piegas.
8 – Lá pelas
tantas se consegue uma bola para a criança. Já falei que tem minas em todos os
lugares e esse é um perigo iminente? Pois é. É daí para pior. Afinal, é a guerra.
E a bola pula e a bola quica e a pula foge e a bola volta. Até que... não,
nenhuma mina é detonada.
9 – Enquanto tudo
isso acontece – tudo porque tem mais, muito mais, não contei nem a metade - o
enredo principal se desenrola: o grupo está em busca de uma corda para tirar o
defunto que foi jogado num poço e contaminou a água usada pelos moradores do vilarejo.
Pois é, é a guerra.
10 – And the
last, but not the least: lembra que falei da trilha sonora? Então, lá vai uma
palinha. Procure no You Tube por Lou Reed e The Velvet Underground - There Is
No Time e Venus in Furs, The Ramones - Pinhead, Gogol Bordello - East
Infection e Marilyn Manson - Sweet Dreams (Are Made of This), além de Where
Have All the Flowers Gone na voz de Marlene Dietrich, que deixei aqui prontinho
para você dar play.
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